Rui Barbosa, em sua história a marca de Nova Friburgo

Neste 5 de novembro é o Dia Nacional da Cultura. A data homenageia Rui Barbosa. Ele desempenhou um importante papel político e cultural no Brasil. E também deixou sua marca em uma cidade que visitava frequentemente: Nova Friburgo.

Rui Barbosa era jurista, jornalista, político, diplomata, ensaísta e orador. Ele nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de novembro de 1849. Foi autor de várias obras literárias e membro fundador da Academia Brasileira de Letras (ABL), juntamente com o escritor Joaquim Maria Machado de Assis.

O que muita gente pode não saber é que um de seus destinos regulares era a quieta e aconchegante Nova Friburgo. O jornalista Girlan Guilland conversou com o Descubra e contou como Rui começou a visitar a cidade, além da relação do político com a cidade serrana.

“Rui Barbosa veraneava regularmente em Nova Friburgo, acompanhado de família, nos anos que antecederam o final do século XIX. Isso por conta de sua amizade com o político Rodolfo Dantas, casado com Alice (filha do Conde de São Clemente, António Clemente Pinto e neta do Barão de Nova Friburgo)”.

Rui Barbosa

O jurisconsulto então se casou com Maria Augusta Viana Bandeira, em 23 de novembro de 1876, na Bahia. Após a sua viagem de núpcias, o casal retornou ao Rio de Janeiro para então se deslocar novamente para território friburguense.

“Em outra ocasião, o casal voltou à cidade serrana fluminense, na véspera do Natal de 1884, novamente a convite de Rodolfo Dantas. Na ocasião, o casal já tinha três filhos: Maria Adélia (seis anos), Alfredo (cinco) e Francisca (Chiquita, com quatro anos de idade)”, pontua Girlan.

Durante suas várias permanências na Serra, hospedou-se por diversas vezes no Hotel Salusse, mas após o nascimento dos filhos, requerendo mais espaço, alugou, por temporadas, a casa de João Edmundo e Adalgisa Salusse, quando o casal estava na Europa com as filhas.

“O Solar, conhecido durante décadas como Palacete Salusse, situado na então Praça XV de Novembro (atual Praça Getúlio Vargas), por abrigar repetidas vezes tais visitantes renomados, a mansão passou a ser designada impropriamente de Casa de Rui Barbosa, mas nunca pertenceu ao ‘Águia de Haia’”, conta Guilland.

A Família Rui Barbosa participava ativamente na organização de festas e eventos locais, como atestou a revista ‘A Sentinela’, em 24 de abril de 1898. Barbosa se tornou uma pessoa cada vez mais influente na cidade e até mesmo liderou o movimento contra a instalação da Marinha no município serrano.

“Eram fins do século XIX, por volta de julho de 1889, a Marinha instala, na rua General Osório, uma enfermaria para abrigar seus marujos, portadores de beribéri, antes mesmo de ter estabelecido em Nova Friburgo, a partir de 1910, o seu Sanatório Naval. Seus soldados e oficiais recebiam aplicação de duchas como meio terapêutico para as atrofias musculares no Instituto Sanitário Hidroterápico (hoje Colégio Nossa Senhora das Dores), o qual a Marinha tentou adquirir, mas encontrou resistência da população e daquele veranista frequente da cidade: o advogado e político foi o responsável pela obstrução deste projeto, adiando por mais de duas décadas a vinda do Sanatório Naval para Nova Friburgo”.

Nova Friburgo se tornou para Rui não só um local de passeio. Em determinado momento de sua vida e da situação política brasileira daquela época, a “suíça brasileira” virou o seu refúgio.

“Em 1897, Rui Barbosa encontrava-se na cidade em situação inusitada: tanto sua residência no Rio quanto a casa em que costumava se hospedar em Friburgo, estavam protegidas pelas Forças Armadas e ele escapara de ser assassinado, conforme carta de 18 de março, dirigida ao cunhado Carlos Vieira Bandeira. O país passava por situação política conturbada, quanto a consolidação da República e a Guerra do Paraguai provocava motins em várias cidades. Acusado de monarquista e adverso ao governo de Floriano Peixoto, extremistas republicanos almejavam exterminá-lo”, comenta o jornalista.

Rui Barbosa faleceu em 1° de março de 1923. Quase 100 anos depois, sua presença ainda é lembrada, tanto pelos marcos da história quanto pelas construções que ainda abrigam um pequeno pedaço desses momentos.

“O Hotel Salusse era num antigo imóvel onde hoje é o Edifício Spinelli. Já o Palacete Salusse, ficava onde atualmente é o Edifício Rosa Marchon”, finaliza Guilland.

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