Benito di Paula faz 80 anos! Cantor friburguense fala, em entrevista exclusiva, sobre a carreira e sua relação com a cidade

Era 28 de novembro de 1941 quando Uday Vellozo nasceu, em Nova Friburgo. Hoje, carrega um nome e uma história de peso: Benito di Paula. Comemorando 80 anos de vida, no próximo domingo, e quase 60 de carreira, ele se prepara para mais um capítulo.

Nesta entrevista exclusiva para o Descubra Nova Friburgo, Benito di Paula conta sobre suas origens, o início de sua carreira, a volta para os palcos, a parceria com o seu filho Rodrigo Vellozo, a nova fase profissional e também pessoal, se tornando avô.

O bate-papo foi descontraído, com direito a suco de laranja e café, feito por chamada de vídeo devido à pandemia e à distância geográfica, já que Benito mora em São Paulo. Nem as interferências causadas pelos ruídos da conexão foram capazes de atrapalhar.

E se vamos falar da história desse grande cantor, compositor, violonista, pianista… vamos começar do começo.

Friburguense coroado

Uday Vellozo é filho de José e de Maria, veio de uma família humilde. Ainda carrega a foto de quando era criança em frente à casa que morava no bairro Perissê.

Foto: Acervo Pessoal/Benito di Paula


“Fui radiotelegrafista em Friburgo. Trabalhei na Rádio Sociedade (atual Nova Friburgo FM) e essa ‘escola’ da rádio é muito boa. O rádio é eterno”, conta Benito.

Quem imaginava que alguns anos dali para frente era ele quem estaria no topo das paradas das rádios de todo o Brasil e do mundo.

Carreira

Foi na adolescência que o nome artístico Benito di Paula surgiu. Nome que ele e Alfredo Motta, um grande incentivador da sua carreira, escolheram. Motta o convidou para tocar violão no antigo Hotel Avenida, na rua Dante Laginestra, no Centro.

Como parte dos friburguenses, Benito foi além das montanhas e se mudou para o Rio de Janeiro.

“Eu saí de Friburgo e fui morar no Morro da Formiga, na Tijuca. Arranjei um emprego em Copacabana. Depois eu recebi um convite pra vir pra São Paulo. Eu dormi no carro e quando eu acordei estava em Santos”.

O início da carreira foi tímido. Umas apresentações aqui, outras ali. Até chegarmos à década de 70 e o começo do auge. Lançou discos, fez parcerias, concorreu e ganhou prêmios importantes da indústria fonográfica, fez uma apresentação histórica no programa do Chacrinha, na extinta TV Tupi, e foi firmando seu talento por todo o país. Naquela época, a música “Retalhos de Cetim” abriu as portas para o sucesso internacional.

Benito em apresentação no programa do Chacrinha em 1972.


Se formos parar para citar todos os seus feitos, não vai haver espaço nesta matéria. Nem se quiséssemos! Então apenas fazemos o resumo até o momento. São mais de 30 discos lançados, seu samba vendeu 50 milhões de cópias em todo o mundo. Isso o torna o 5º maior vendedor de discos do Brasil. É um dos artistas nacionais mais ouvidos na Europa.

Nova fase

Benito já trabalhou com grandes nomes da música como Luiz Gonzaga, Roberto Carlos, dividiu palcos e gravações com centenas de artistas também renomados.


Mas, ultimamente, suas apresentações e projetos vêm sendo divididos com um artista especial: seu filho Rodrigo Vellozo.

“O Rodrigo canta comigo desde os 4 anos de idade, mas por ser muito pequeno não podia frequentar certos lugares. Então eu sempre fazia a matinê do teatro, para ele ir comigo. Ele é músico, compositor, cineasta… Hoje, é meu grande parceiro de trabalho”.


Aliás, é Rodrigo quem comanda o novo CD de Benito “O Infalível Zen”. Obra que será lançada neste domingo, 28, aniversário do friburguense e o primeiro show no Rio de Janeiro desde o início da pandemia, período muito respeitado pelo artista. São músicas que Benito compôs, mas nunca foram gravadas, e outras inéditas como “Aurora”, dedicada à neta de Benito e filha de Rodrigo.

Por falar em Aurora, perguntei também sobre ser avô. Rindo, Benito não titubeou.

“Ser avô é muito novo para mim, mas é maravilhoso. Ver a filha do seu filho é algo incrível. Aurora é linda. É tudo maravilhoso”.

Aniversário em grande estilo

Benito vai comemorar seu aniversário de 80 anos em grande estilo e em um dos lugares que mais gosta: o palco. A apresentação acontece no Vivo Rio, a partir das 20h. Saiba mais clicando aqui.

“O palco pra mim é sagrado. (Um lugar) Pra cantar, com respeito ao público. Assim que eu comemoro e vou comemorar”, conta.

Já aqui em Nova Friburgo no dia 28 de novembro é o Dia Municipal da Música, uma homenagem do ativista cultural Júlio César Seabra Cavalcante, o saudoso Jaburu (1933-2016), do grupo GAMA. A data foi instituída por lei, desde 2009.

Na Praça Dermeval Barbosa Moreira, no Centro, está o monumento ‘2 Séculos de Música’, também em homenagem ao cantor friburguense. A peça é de autoria do artista, e amigo de Benito, Felga de Moraes.

Foto: Descubra Nova Friburgo

O Homem da Montanha

“Estou na cidade grande e a saudade é tamanha. Quero ver se volto logo pra serra. Eu sou homem da montanha”.

Esse trecho é da música “Homem da Montanha”, de 1976, uma canção de amor à sua relação com a cidade. Mesmo longe há uns anos, Benito ainda guarda as melhores lembranças do seu tempo em Nova Friburgo.

“Eu era bem mais novo e era época de verão. Ia gente de todo lugar pra Friburgo, pra passar o Carnaval. Aquilo era uma batalha de confete, a praça lotada de gente, era tudo! Era um verão de dar inveja a qualquer lugar”, diz antes de completar.

“Na minha coleção extensa de camisas do Flamengo, tenho a do Friburgo Futebol Clube. Lembro da Fundação Getúlio Vargas e da cúpula que havia lá, perfeita para orquestra, onde já toquei. Já toquei no Clube Xadrez, na Sociedade Esportiva (SEF), nos antigos Clube 50 e Teatro Leal. Pertenço à Campesina Friburguense. Parte da minha família está aí e não há nada mais importante para mim do que a família. Só estamos aqui por causa da nossa família”.


E, claro, se o Descubra Nova Friburgo quer alimentar o olhar de visitante de quem mora aqui e incentivar o pessoal de fora a visitar a cidade, ninguém melhor que Benito para falar sobre, já que possui esses “dois olhares”.

“Eu gosto muito de Friburgo, por ser minha terra! As pessoas devem visitar, porque é uma cidade muito importante na história do Brasil! O Parque São Clemente, aquilo é um parque lindo! E eu sou apaixonado por montanhas. Cão sentado, Pedra do Elefante, as Catarinas… são magnificas. É uma cidade, um passeio que eu recomendo”, finaliza.

Vida longa ao nosso Homem da Montanha!

9 comentários em “Benito di Paula faz 80 anos! Cantor friburguense fala, em entrevista exclusiva, sobre a carreira e sua relação com a cidade”

  1. Muito bacana a entrevista com nosso querido conterrâneo que nos orgulha como um dos maiores cantores brasileiros.
    Temos em comum vivermos em Sao Paulo, ambos levados me parece por termos casados com paulistas…

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  2. Parabéns pela excelente matéria Paula Winter! Nova Friburgo tem muitos talentos espalhados pelo Brasil e é importante que novas gerações conheçam suas histórias.

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  3. Benito é um artista muito talentoso e seus sucessos nos remete ao momento frutífero de nossa MPB. As músicas tinham letra, melodia e muita poesia.
    Hoje muita porcaria ferindo nossos ouvidos!

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  4. Gente, ele tem que vir à Friburgo e cantar aqui. Peço isso há tanto tempo. Desde antes da Pandemia. Será que esse talentoso filho de Friburgo nunca mais se apresentará aqui?

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  5. Mestre Benito !

    Gostaria de saber onde vc mora . Se podia me atender. Gostaria de fazer uma homenagem à uma pessoa muito especial e que adora.
    Aguardo grande poeta.

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