Neste sábado, 9, o Espaço Arp recebe o Friburgo Street Blues – o maior festival serrano do gênero. Com a participação de renomados artistas brasileiros e potências da região, o objetivo é disseminar a cultura por meio da música e o instrumento será o Blues.
Vão ser dois palcos, com apresentações intercaladas, além de oficinas, exposições, gastronomia, cerveja artesanal e arte. Hoje, o Descubra Nova Friburgo conta tudo sobre as atrações do palco principal.
Mas antes vamos resumir a história desse que é um dos gêneros musicais mais respeitados do mundo.
O blues
Pode-se dizer que o blues nasceu da nostalgia dos escravos, das saudades de sua terra natal e da liberdade, dos valores perdidos, do próprio trabalho forçado nos campos de algodão, tabaco e milho da região do Rio Mississipi, nos Estados Unidos. Esta expressão tem o sentido de ‘melancolia’. Suas raízes, com certeza, encontram-se fincadas no continente africano.
Este movimento musical tem inspirado, ao longo do tempo, a história da música popular do Ocidente, deixando sua marca original em estilos como o ragtime, o jazz, o rhythm and blues (R&B), o rock, a música country, a soul music, a música pop tradicional e até mesmo nas composições clássicas modernas.
Blues Etílicos
Se o blues hoje no Brasil é um mercado consolidado, agradeça ao Blues Etílicos. A banda do Rio de Janeiro é considerada a primeira e principal do país a criar um público fiel nesse segmento. É claro que eles são presença confirmada no Friburgo Street Blues.
Em entrevista, o gaitista, e membro da banda, Flávio Guimarães conta sobre como tudo começou, esses 37 anos de carreira e a expectativa para este sábado.
– Nos anos 80 vocês se juntaram e criaram o Blues Etílicos. Como surgiu o contato da banda com o blues? E por que o blues?
“Meu instrumento está ligado à história do Blues e assim que comecei a tocar razoavelmente soube que precisaria de outros músicos, já que a música em geral é uma atividade coletiva. Eu, Cláudio Bedran e Otavio Rocha formamos o núcleo inicial da banda e depois chegou Greg Wilson e mais tarde Beto Werther”.
– 37 anos depois e vocês são a marca mais forte do blues nacional e a banda há mais tempo em atividade nesse segmento. Imaginavam algum desses postos? E quando de fato notaram que estavam deixando a marca de vocês na história nacional do gênero?
“Nunca imaginamos essa longa trajetória. Estamos comemorando 35 anos do lançamento do nosso primeiro LP. De lá pra cá lançamos 13 álbuns, um DVD e algumas compilações, tendo realizado mais de 3.000 shows”.
– Nesse tempo de estrada, poderiam citar alguns momentos marcantes?
“Sem dúvida abrir o primeiro Festival Internacional de blues que ocorreu no Brasil no ano de 1989, foi emocionante. Tocamos antes do Buddy Guy. Abrimos shows para Robert Cray, B.B. King e tocamos em todos os principais festivais do gênero”.
– Qual é a expectativa para o Friburgo Street Blues?
“A expectativa é excelente. Já faz algum tempo que não tocamos na região e sabemos que tem um público que curte muito ouvir esse tipo de música”.
– O Friburgo Street Blues quer disseminar a cultura por meio da música e o instrumento vai ser o Blues. Como é ajudar neste objetivo e apresentar mais uma vez o Blues para as pessoas?
“O Blues é um gênero musical nascido no século XIX. Sem ele não haveria rock. A influência do Blues na música popular mundo afora é imensa. Somos uma banda autoral brasileira que mistura os elementos do Blues à nossa música. O curioso é que em geral muita gente mais jovem não faz a menor ideia do que seja blues, mas quando assisti um show passa a se interessar. E assim tem sido nossa jornada”.
O Blues Etílicos sobe ao palco Principal às 21h.
Big Joe Manfra
Violonista, guitarrista e compositor, seu inconfundível sotaque bluesy percorreu diversos países, passando por vários festivais e os mais tradicionais clubes de Blues e Jazz, divindo as apresentações com grandes nomes da cena internacional.
Big Joe Manfra sempre ouviu discos, influenciado pela família e pelo pai, mas foi em 1989 que a paixão pelo blues falou ainda mais alto.
“Na primeira noite do Free Jazz eu comprei o ingresso e ouvi John Lee Hooker. Foi o primeiro show que eu vi de blues americano, no caso, né, do blues raiz. Ele era uma pessoa de bastante idade já na época e ele tinha uma energia, um magnetismo que todo mundo ficava olhando pra ele. Foi incrível! A partir daquele dia eu pensei em ser um guitarrista de blues mais do que qualquer outra coisa”, conta.
Marfydio, como é registrado, é outro artista que tem muita história para contar. Mesmo assim conseguiu separar alguns momentos marcantes para compartilhar.
“Pra mim o mais inesquecível talvez tenha sido abrir o show do John Mayall & the Blues Breakers, um cara que descobriu Eric Clapton, Mick Taylor… foram todos da banda dele. Eu tava (sic) fazendo a produção da turnê e durante o café da manhã eles me chamaram pra tocar com eles no começo do show. Eu fiquei bastante surpreso, corri atrás de uma guitarra e pra minha surpresa maior ainda o John Mayall chegou e disse ‘se fizer um dia vai ter que fazer todos os dias e tem que fazer uma música comigo no final do show’”.
Sobre o Friburgo Street Blues, Big Joe não esconde a felicidade em divulgar e dividir uma das suas maiores paixões: o blues.
“Tenho vários amigos em Friburgo, sempre fui muito bem recebido nessa região. E o mais legal é poder estar com a minha banda, André Carvalho na bateria tocando há décadas comigo, César Lago no baixo e meus parceiros de sempre Jefferson Gonçalves na gaita e Pedro Quental na voz. Vai ser muito especial”, diz antes de completar.
“Eu acho que a música tem esse poder de transformar as pessoas. É muito legal estar tocando para novas pessoas, que as vezes não conhecem o gênero, porque eu acho que a reação é genuína e elas podem realmente sentir a música ao vivo, a diferença que faz. Se aquelas pessoas que nunca ouviram falar vêm te procurar com emoção depois do show, esse é um dos maiores prazeres de ser músico, ainda mais tocando blues”.
Big Joe Manfra sobe ao palco Principal às 19h.
Pedro Friedrich e Jefferson Gonçalves
A dupla do projeto The Real Blues, Jefferson Gonçalves e Pedro Friedrich se apresentam às 15h.
Jefferson Gonçalves é uma das principais referências dentro do cenário da gaita no Brasil e no mundo. Seu trabalho já foi elogiado por vários músicos, revistas e sites internacionais. Se apresentou em algumas das melhores casas de blues do planeta. Sua gaita faz um mix entre a música negra norte americana e o regionalismo dos ritmos nordestinos como o forró, o baião, o xaxado, o maracatu, entre outros.
Pedro Friedrich já é conhecido na cidade como o Bluesman. Com seu violão e uma fluência que vai do acústico ao elétrico, seu repertório conquista diversos ouvintes, de todas as idades.
O The Real Blues consiste em uma pesquisa profunda na história da música americana, que originou uma incrível releitura do mais antigo estilo de Blues da história: o Delta Blues, também chamado de Blues Rural.
B2 Regional
Viola caipira, tambores, baixo e vozes. O B2 Regional é Folk e Blues com a assinatura da música regional brasileira. O trio tem passagem em diversas casas e festivais da região e do Rio de Janeiro.
Wagner Ricciardi – voz, viola caipira e bandolim, Heber Capere – voz, percussão e xilofone, e Vinícius Giffoni – voz e contrabaixo acústico se apresentam às 17h.
Expresso Santiago
Em 2007, com a intenção de participar de um festival de Blues, eles se reuniram pela primeira vez. O sucesso foi tão grande que a banda Expresso Santiago nunca mais parou. Desde então, consolidaram uma carreira de sucesso que os tornaram presença garantida nos mais renomados festivais do gênero. A banda acumula experiências em grandes festivais, abrindo shows de artistas como Big Bill Morganfield e o gaitista australiano Paul Daly.
Para conferir esses 16 anos de estrada, eles sobem ao palco às 23h, encerrando este dia repleto de cultura e música.
Dj Bispim
Rodrigo Pontes, o DJ Bispim, é um dos expoentes da serra quando o assunto é DJ. Formado em uma das maiores escolas de DJ do Rio, tem no currículo passagens em várias casas de destaque na região e no estado.
É ele o responsável por abrir as apresentações do Friburgo Street Blues, comandando um set “responsa” a partir das 13h.
Dj Cris K
Outro nome de peso quando o assunto é Dj é Cris K. É presença mais que garantida nos eventos da cidade e região. Para manter a galera aquecida e no ritmo, ele toca nos intervalos entre Big Joe Manfra, Blues Etílicos e Expresso Santiago.
O Friburgo Street Blues é uma apresentação da Unimed Serrana RJ e uma produção da Br4 Branding. Para ficar por dentro de tudo o que vai rolar no evento e como adquirir o ingresso, clique aqui.