O trem em Nova Friburgo

Uma Praça Getúlio Vargas e uma Avenida Alberto Braune lotadas de carros e motos. Quem vê esse cenário caótico do trânsito friburguense nem se lembra que há nem tanto tempo assim o local era muito diferente. E por ali, passava um trem.

Voltamos para 1857, quando o Barão de Nova Friburgo fechou um contrato com o governo da província do Rio de Janeiro para a construção da estrada de ferro em Cantagalo-RJ. O principal objetivo era escoar a produção de café, do qual era o maior produtor.

Mas a ampliação do trem para Nova Friburgo só aconteceu anos depois, a pedido do segundo Barão de Nova Friburgo, Bernardo Clemente Pinto Sobrinho. A inauguração aconteceu em dezembro de 1873, com a presença do Imperador Dom Pedro II.

Inicialmente, o trem era responsável por transporte de cargas, até que se popularizou e virou um veículo de passeio. Na subida da serra de Cachoeiras de Macacu, a mesma sensação de hoje: temperaturas caindo e a beleza da estrada.


Pouco tempo depois, a província do Rio de Janeiro encampou a Estrada de Ferro Cantagalo. Em 1887, a empresa foi vendida à Companhia Estrada de Ferro Leopoldina. Já em 1898 passou a ser de capital inglês, sendo denominada The Leopoldina Railway Company Limited.

A história da Maria Fumaça se mistura com o cenário e o desenvolvimento de Nova Friburgo. Foi um vetor importante na economia do município e atraiu empresários e investidores.


A atual sede da prefeitura era a segunda estação de trem. O 11º Batalhão de Polícia Militar era onde ficava a estação de cargas. Saindo da Ypu em direção a Mury, você estará passando pelo “Caminho do Trem”. Apesar de não ter mais rastros da passagem do Cavalo de Ferro, é uma caminhada cercada de memórias.

O trem deixou de circular em Nova Friburgo em julho de 1964. O escritor Ordilei Alves da Costa, primeiro presidente do Clube do Trem, conta que o Presidente da República Juscelino Kubistchek queria trazer a indústria automobilística para o país.


Quando o governo militar passa a tomar conta, não demonstrou interesse em investir na malha ferroviária, via como algo deficitário. Ao longo dos anos e com a falta de manutenção, houve sucateamento. A consequência foi sua extinção.

Clube do Trem

Um pequeno grupo de amigos sempre se encontrava. No meio do bate-papo surgia o assunto: o trem. Pensando em ir à fundo na temática e ampliar a participação da sociedade, criaram o Clube do Trem.

A associação foi fundada em 22 de agosto de 2017. O objetivo é resgatar a memória e preservar o patrimônio ferroviário na cidade. O grupo tenta sempre dialogar com as esferas municipal, estadual e federal para conseguir tirar do papel o trabalho de preservação histórica.

Quem quiser colaborar para a conservação da história do trem do município, pode acompanhar o trabalho na rede social ou pelo e-mail da instituição.

4 comentários em “O trem em Nova Friburgo”

  1. Gostaria de participar de alguma reunião com o objetivo de contribuir para o resgate da memória referente ao patrimônio ferroviário de Nova Friburgo.

    Responder
  2. Quanta saudade eu sinto. Meu pai nasceu nessa cidade, filho de italianos e pelo que contavam os mais antigos da família, meu avô foi o primeiro proprietário do Hotel Engert, seu nome era GIOVANNI GAMBINI, que tinha como profissão “NEGOCIANTE”.
    Alguns de seus filhos continuaram lá em Friburgo, mas outros, e foram dez no total, deslocaram-se para o Rio de Janeiro.
    Os filhos que lá ficaram também casaram e tiveram seus filhos (meus primos) e nossa família estava sempre se vendo, era algo pra mim muito importante, e para que nos víssemos, o caminho era pela estrada de ferro Leopoldina, respectivamente levados por nossos pais ou somente por nossas mães.
    Meu tio Oswaldo Marcelo Silva, casado com a irmã da minha mãe, tia Elicia, era condutor de trem, e nessas vindas à cidade do Rio de Janeiro buscava a mim ou a um de meus irmãos para passar uns dias lá em Friburgo, eu ADORAVA isso.
    O trem “Maria Fumaça” partia da estação Barão de Mauá, hoje desativada e denominada estação da Leopoldina localizada no Centro ou São Cristóvão com diziam percorria estrada acima por trechos e locais maravilhosos.
    Lembro-me que antes da subida da serra dos Órgãos em direção a Friburgo, fazia uma parada na estação da linda cidade de Cachoeiras de para a substituição da locomotiva, trocando-a por outra com rodas de cremalheira, o que evidentemente era para ganhar maior tração na subida e descida da serra.
    Que viajem maravilhosa, era indescritível a beleza das cachoeiras serra acima, rios e paisagens espetaculares, que infelizmente só as tenho em minha memória.
    Sou carioca de Vila Isabel, mas minha segunda cidade é Friburgo, sem nenhuma dúvida.

    Responder

Deixe um comentário